quinta-feira, 22 de junho de 2017

Mudança de escola requer empenho de todos os envolvidos

O TEMPO

Profissionais destacam como essa transição pode ser feita de maneira que cause menos impactos negativos no aluno e não seja motivo de angústia


O ambiente escolar pode ser muito desafiador. Além das dificuldades que costumam surgir em relação a uma ou outra matéria, também é um local onde há conflitos devido à convivência entre alunos e professores. E, quando se é novato em uma instituição, tudo pode parecer ainda mais complicado. A insegurança em relação ao novo, o medo de não conseguir se enturmar e a saudade do colégio antigo podem ser alguns dos sentimentos que marcam presença na vida das crianças e/ou dos adolescentes. Por isso, em meio a um lugar que pode parecer hostil em um primeiro momento, um “anjo da guarda” para receber os estudantes pode ser muito bom.

E ele existe – inclusive com esse nome – no Instituto Coração de Jesus. A partir da quinta série, os novos alunos podem contar com um estudante veterano, em geral o representante de turma, para acompanhá-los em suas angústias iniciais, para ajudá-los a conhecer a escola, entre outras ações.

“Nós nos preocupamos com essa estrutura e escolhemos uma pessoa da mesma idade para ajudar no acolhimento, porque o jovem se sente mais confortável com isso. Esse momento de transição de uma escola para outra pode trazer certa angústia. Trabalhamos para que não existam traumas, uma vez que eles podem resultar, inclusive, em problemas com os estudos”, relata Aparecida Nicolai, diretora pedagógica da instituição, que frisa, ainda, que há também ações diferenciadas nesse sentido para as crianças menores.

Mas não é somente o novo colégio que deve estar preparado para receber o aluno. É necessário que se tomem algumas providências também em relação ao antigo, uma vez que a forma como a mudança de escola acontece pode acabar prejudicando o estudante, como explica Ligia Mendes, especialista em psicologia da educação. Por isso, quando se trata dos pequenos, por exemplo, é importante que se faça uma despedida do lugar. “Isso vai marcar o fim de um ciclo para que, então, se estabeleça uma relação nova com a próxima escola. Além disso, também deve-se explicar o porquê da mudança, em uma linguagem que a criança entenda”, diz ela.

Bullying. Existem também os casos em que uma criança e/ou adolescente é vítima de bullying em um local e, ao chegar a um novo ambiente, precisa lidar com todas as questões emocionais que envolvem o problema.

No Coleguium, há um cuidado especial para abrigá-los. Com ações que combatem esse mal, a escola atua para que, ao chegarem à instituição, os estudantes possam contar com adultos que eles enxerguem como confiáveis. “O olhar para esse aluno será preventivo. Os professores e demais funcionários são treinados para ter uma visão atenta quando já existe uma vulnerabilidade prévia. O aluno quer uma nova chance, sem atitudes de proteção. Portanto, a intervenção vai acontecer se surgir alguma situação conflituosa”, explica Fernanda Figueiredo, diretora da unidade Buritis.

Experiência. Fato é que, sabendo conduzir bem esse momento, os resultados podem ser bastante positivos. Laís Cordeiro, mãe de Samuel Cordeiro, 14, conta que, inicialmente, houve certa rejeição do adolescente à mudança. No entanto, após conhecer o novo colégio, ele ficou bastante empolgado com as oportunidades que teria.

Hoje em dia, ele já tira de letra a situação e, inclusive, dá conselhos para outros que precisam passar pela mesma situação. “Algumas dicas que eu daria para quem fez essa escolha é se acostumar a sua nova escola e dar o seu melhor nesse novo local, fazendo novas amizades e convivendo bem com todos”, diz.


Trabalhando a autoestima

A mudança de escola, como apontam especialistas, pode acabar provocando problemas de aprendizado quando não conduzida da maneira correta. No entanto, há diversos outros fatores que podem fazer com que existam dificuldades durante o período escolar. Como destaca Anderson de Araújo Félix, gerente de orientação de metodologia do Kumon, elas “começam quando o aluno não consegue acompanhar a temática das aulas de forma abrangente. Na matemática, por exemplo, os conteúdos são interligados, necessitando do aprendizado total de cada um para prosseguir; já no português, o aluno torna-se capaz de compreender textos mais complexos equivalentes ao ponto em que está estudando”, diz.

Pelo Kumon, como ele ressalta, os estudantes “aprendem a aprender”, e os benefícios vão além da assimilação do conteúdo. “Já nos primeiros meses, notam-se maior autoconfiança e segurança nos estudos, desenvolvimento da concentração e maior prazer em aprender, uma vez que o estudante consegue entender o que está resolvendo. A melhora no desempenho escolar torna-se, então, consequência natural. O estudo diário e independente que respeita o ritmo do aluno cria nele a sensação de conquista. Quando isso acontece, percebemos que a semente plantada começa a brotar e sabemos que os frutos beneficiarão o aluno por toda a vida”, afirma Félix.

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