Diretores e profissionais que participaram do 1º Encontro da Rede Municipal de Ensino: “Bullying e Cyberbullying: quando a brincadeira perde a graça!”, que integra o Programa “Educação em Foco: múltiplas dimensões da formação continuada”, serão orientados a elaborar um plano de ações de combate ao bullying.
A ideia é pedir que todas as escolas elaborem um projeto de atividades, independente se o problema é registrado na unidade. Os projetos devem ter como base, as palestras dos especialistas que foram ministradas durante o encontro, que aconteceu nesta segunda-feira, no Centro de Formação da Semed e reuniu diretores e professores de escolas da Reme.
O plano de ações poderá conter atividades diversas, desde palestras com alunos e comunidade escolar, até convite de entidades parceiras para tratar do tema nas escolas. A ideia é que no segundo semestre, quando for realizado o segundo encontro, seja feito um balanço do que foi traçado com base no primeiro evento.
As equipes da Semed também darão suporte aos diretores e professores, realizando palestras e rodas de conversas com pais, quando solicitado pela direção da escola. Com base nessas demandas, as equipes poderão programar o segundo encontro.
A professora Ordália Alves Almeida, coordenadora do curso de Especialização em docência na Educação Infantil e do Fórum Estadual de Educação, destaca que o encontro é fundamental para que os profissionais superem a visão de senso comum em relação ao bullying. “É uma prática que está presente no cotidiano das famílias, por isso precisamos saber como ele se dá, como se constitui e como o bullying se faz presente”, afirmou.
A professora alerta que a ação também é uma prática em algumas famílias. “As crianças agem influenciados por culturas familiares. Nesses casos, é preciso fazer um trabalho maior e não apenas pontual nas escolas, ouvindo os envolvidos para ter a dimensão da origem que os levou a praticar”, pontuou.
Ordália ainda ressaltou que é preciso resgatar o diálogo com as famílias e os vínculos afetivos. “Esse resgate também deve ter a participação das escolas, que deve ajudar nesse processo, não ficando responsável apenas pelos conteúdos pedagógicos”, disse.
O diálogo também é defendido pela coordenadora do programa Justiça Restaurativa, Márcia Regina Soares. Desenvolvido em escolas da Reme, através de parceria com o Tribunal de Justiça, o programa tem como principal objetivo a reparação dos danos oriundos do delito causados às partes envolvidas e, quando possível, a reconstrução das relações rompidas.
Márcia diz que as ações em decorrência do bullying têm se tornado populares devido ao avanço dos meios de comunicação, que disseminam com maior rapidez os casos de violência. “O lado positivo é que não é possível esconder essas ações, com isso o número de denúncias tem aumentado muito”, disse. Em sua opinião, é preciso incentivar a cultura da paz nas escolas, promovendo diálogos com foco no respeito ao colega. “A Justiça Restaurativa discute os valores esquecidos, o que leva o aluno a refletir sobre seus atos”, afirmou.
Exposição
A necessidade de incentivar a criança ou adolescente vítima do bullying a falar sobre seus sentimentos é defendida pelo especialista em psiquiatria da infância e adolescência, Rodrigo Abdo Ferreira. Segundo o psiquiatra, o comportamento introvertido leva ao isolamento social, depressão, podendo, inclusive, levar ao suicídio. “Ninguém vive sozinho. É importante conversar com esse aluno e fazer com que ele conte o que está acontecendo e não silencie”, argumentou.
A diretora da escola José Mauro Messias – Poeta das Moreninhas, Renata Aguiar Junqueira, considerou o encontro fundamental no sentido de instrumentalizar os professores a elaborarem projetos de combate ao bullying. Ela conta que já desenvolveu um plano de ação na escola, envolvendo todas as disciplinas, que abrange atividades de leitura, produção de textos, desenhos, até exibição de filmes. “Estamos tendo um ótimo resultado e o alunos estão muito conscientes da questão”, afirmou.
As discussões sobre bullying e cyberbullying na Reme são uma das prioridades da secretária municipal de Educação, Ilza Mateus, que tem mostrado preocupação com o tema. “Temos que cuidar de nossas crianças. Professores e pais tem o dever de observar os sites que elas visitam ou se estão sofrendo alguma ação de bullying. Devemos ficar atentos às mudanças de comportamento para que possamos intervir e resolver o problema de imediato”, concluiu.
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