domingo, 9 de abril de 2017

Para combater o bullying, escola aposta na conscientização

O TEMPO


Diretores se baseiam em método que não pune, mas promove diálogo entre envolvidos nesse tipo de agressão

Cerca de 2.600 alunos têm a oportunidade de combater pela raiz o mal chamado bullying, nesta sexta-feira (7), na Zona Sul de Belo Horizonte . Motivada pelo Dia Nacional de Combate ao Bullying na escola, a direção do Colégio Loyola preparou diversas atividades para envolver a comunidade escolar acerca do tema. 
A luta contra o bullying nas escolas não se restringe ao dia de hoje. Diante da falta de dados que poderiam permitir uma melhor análise da prática desse tipo de violência em Minas Gerais, as instituições de ensino se esforçam para abordar o tema, como acontece no próprio Loyola.
Desde 2014, a escola promove o Círculo Restaurativo, uma metodologia que visa solucionar os conflitos por meio do diálogo. "Sempre que há um caso de bullying na escola, o agressor e a vítima devem chamar duas outras pessoas para um debate. Ao longo de pouco mais de dois anos, 80 círculos foram realizados, e os resultados foram muito satisfatórios", diz Isabel Santana Brochado, coordenadora do Núcleo de Educação Para a Paz do Loyola.
Isabel explica que esse método é baseado na Justiça Restaurativa, que não prevê punições, mas a conscientização de todas as partes envolvidas.  
Os últimos dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, em 2015, 46,6% dos alunos foram vítima de bullying em algum momento. O número revela aumento, se comparado com o de 2012, que era de 35,3%
Casos
Bullying virtual
A internet tem se tornado palco desse tipo de agressão. Welbert Rodrigo, hoje com 30 anos, foi uma das vítimas. Aos 25 anos, começou a ser praticante do cosplay, um movimento mundial em que os participantes se fantasiam de personagens da ficção (quadrinhos, cinema, desenhos animados) e se reúnem para compartilhar e exibir as fantasias. 
“Quando comecei a fazer cosplay, publicava fotos fantasiados na internet e, de repente, via que as imagens eram postadas em outras páginas, e as pessoas começaram a me ridicularizar. Você sabe como é a internet: a pessoa se esconde atrás e um perfil e sai humilhando as outras. A rede pode ser pior que a escola, porque envolve muita gente. Hoje já superei e lido bem com isso”, conta o auxiliar de vendas.
Outro caso de bullying virtual apurado pela reportagem de O Tempo vitimou uma jovem que hoje está com 20 anos. Ela preferiu não se identificar por ainda ter contato dos agressores nas redes sociais. Quando estava na sétima série, a estudante de Belo Horizonte teve que se ausentar da escola para passar por uma cirurgia na coluna. 
Como ainda estava um pouco debilitada por causa da operação, pediu que sua tia checasse no MSN (programa de mensagens instantâneas da época), se tinham recados de seus amigos. O que ela viu não foram mensagens desejando sua melhora, mas um vídeo ridicularizando sua aparência. "O problema do bullying é que muitas vezes ele vem de pessoas que você pensa ser seus amigos, mas, na verdade, não são", lembra. 

Na escola

Alexandre Ornelas teve a auto-estima abalada nos tempos do colégio. Hoje, o universitário de 22 anos, revela o prejuízo que o bullying causou para sua auto-estima. "Falavam sobre minha cor, sobre meu cabelo, e no começo eu ficava bem triste. Isso acaba fazendo com que a gente pratique bullying com os outros também. Se uma pessoa te chama de feio, tudo que você faz em relação à beleza, você fica com o pé atrás", desabafa. 

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